Vivemos uma era em que a verdadeira ameaça não está nas máquinas, mas no modo como usamos nossas mentes.

Eu vejo gente temendo a IA enquanto desliza o dedo pelo TikTok, pelo Instagram, pelo Facebook.


Eu vejo gente temendo a IA e que sequer se lembra de qual foi o último livro que leu, mas se lembra do resultado do paulistão ou do que disse o cara negacionista do YouTube.

Essa gente tem que temer mesmo.

Porque na verdade, já foi substituída.


homem-ao-celularO perigo da distração constante, da falta de foco e na forma como estamos sendo condicionados a buscar apenas gratificações imbelicizantes o prazer imediato das redes sociais, jogos, compras e todo lixo de entretenimento que as empresas de TV e streaming nos faz engolir, inclusive essa bizarrice dos cultos religiosos televisivos em que pessoas confundem emoção induzida com fé em Deus.


Na verdade, hoje, entreter-se é uma forma de se diminuir.


Quer ofender alguém, que só não o vai se for muito estúpida para isso, diga-a que ela está se “entretendo” demais. É um xingamento.


Entreter-se é o fracasso supremo.


Em vez de temer a tecnologia, é hora de refletir sobre como você está administrando seus hábitos, em especial os intelectuais.

A inteligência artificial não substitui o pensamento humano — mas a mente desorganizada, viciada em prazeres rápidos e que não lhe acrescentam nada em termos de crescimento pessoal e conhecimento.

Isso não significa que você não pode dedicar um tempo por semana para se dedicar ao lixo digital, faz parte, nossa mente precisa desse relax, isso inclusive acelera o aprendizado.

Mas limite-se, estabeleça um limite, diário ou semanal para essas coisas.

1 hora por dia é muita coisa, mas 5 horas por semana é bem razoável.

Existem diversos apps que podem lhe ajudar nisso, alertando seu tempo dedicado a esses apps.

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Condicionar a mente para o seu bem é bem parecido com condicionar seu corpo.

Entrar em uma academia pela primeira vez é terrível, mas depois tende a se tornar muito prazeroso.


A tecnologia não é o problema — o problema é o seu enfraquecimento mental


Quantas palavras novas você aprendeu no último ano?


Diversos estudos científicos já demonstraram que o uso excessivo de dispositivos tecnológicos está associado a uma redução do desempenho cognitivo e empobrecimento do vocabulário, especialmente entre jovens.

Um estudo publicado pela Journal of Behavioral Addictions revelou que o uso contínuo de smartphones está ligado à diminuição da capacidade de atenção sustentada e à dificuldade de memorizar informações a longo prazo.

Pesquisadores da Universidade de Stanford identificaram que a multitarefa digital, como alternar entre redes sociais, vídeos e mensagens, compromete diretamente as áreas do cérebro ligadas ao controle cognitivo e à retenção de conhecimento.

Já na Universidade de Michigan, estudos apontaram que o uso constante de mensagens curtas e abreviações digitais pode levar à redução do vocabulário ativo, prejudicando a articulação de ideias complexas.

Além disso, a leitura superficial em telas, especialmente em redes sociais, tem sido associada à diminuição da capacidade de interpretar textos mais densos.

Esse tipo de leitura não estimula conexões neurais profundas, enfraquecendo o raciocínio analítico e a criatividade.

Essas descobertas reforçam a necessidade de um uso mais consciente da tecnologia, equilibrando praticidade com hábitos que estimulem a linguagem, a memória e a concentração.

O verdadeiro risco da era digital não é a inteligência artificial em si, mas sim o que muitos estão se tornando: mentes cognitivamente enfraquecidas, distraídas e dependentes de estímulos superficiais.

Cada vez mais pessoas têm dificuldade em manter o foco por mais de alguns segundos — reflexo direto de um cotidiano dominado por algoritmos que estimulam recompensas rápidas e vazias.

Scroll infinito, vídeos ultracurtos, alertas constantes e excesso de notificações estão moldando um cérebro que reage, mas não aprofunda.

O resultado?

Atenção dispersa, memória comprometida e criatividade em declínio.

A neurociência já alerta: o córtex pré-frontal, que comanda o pensamento lógico e o planejamento, perde força sem prática. O hipocampo, vital para a formação de memórias duradouras, se retrai diante do excesso de estímulos.

E a rede de modo padrão, fundamental para ideias criativas e reflexão profunda, é sufocada por uma avalanche de conteúdo raso.

Enquanto isso, a dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, se desregula e passa a ser ativada por qualquer notificação banal — o que vicia e emburrece, literalmente.

Se você percebe dificuldade em terminar a leitura de um texto como este sem se distrair, talvez sua mente já esteja cedendo espaço — e sendo, pouco a pouco, substituída.

A boa notícia? Isso pode ser revertido. Mas exige consciência, disciplina e vontade de reconquistar sua autonomia mental.

O seu cérebro está sendo reconfigurado

A neurociência tem alertado: o modo como usamos a tecnologia está recalibrando as estruturas cerebrais responsáveis pela concentração, criatividade e memória.

  • O córtex pré-frontal, área que gerencia o pensamento lógico, o autocontrole e o planejamento, atrofia por falta de uso.

  • O hipocampo, responsável por consolidar memórias de longo prazo, perde eficiência diante da enxurrada constante de estímulos visuais e auditivos.

  • A rede de modo padrão, fundamental para o pensamento criativo e introspectivo, é silenciada quando não permitimos momentos de tédio, reflexão ou ócio produtivo.

O sistema de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à motivação, entra em um ciclo vicioso.

Cada nova notificação, vídeo curto ou like nas redes sociais provoca uma liberação rápida dessa substância, mas logo depois vem o vazio. Com o tempo, o cérebro exige estímulos cada vez mais intensos e frequentes para sentir o mesmo prazer.

O resultado é um comportamento impulsivo, disperso e ansioso, que compromete até as tarefas mais simples do dia a dia.

Estamos nos desconectando de nós mesmos

Essa transformação não é apenas técnica — ela é emocional e existencial. Estamos nos afastando da nossa capacidade de sentir com profundidade, manter uma conversa significativa, contemplar ideias complexas ou sustentar um raciocínio por mais de alguns minutos.

Isso tem impacto direto na vida pessoal e profissional.


Tomadas de decisão rasas baseadas no que você acha que aprendeu nas redes sociais (muitas vezes com gente que não serve para lavar o seu banheiro), baixa produtividade intelectual, falta de decisões criativas e dificuldade para aprender coisas novas (como palavras) são apenas alguns dos reflexos.


E o mais alarmante? Muitas pessoas nem percebem que estão vivendo assim.

A substituição silenciosa já começou


A substituição da mente humana não acontecerá com robôs tomando nossas cadeiras.

Ela está ocorrendo, sutilmente, toda vez que abrimos mão da atenção plena, toda vez que deixamos de refletir, toda vez que trocamos a leitura de um texto profundo por uma dedada no celular.


Se você se vê incapaz de terminar uma leitura como esta sem se distrair, se sente impaciente ao tentar aprender algo novo, ou se percebe que sua memória está falhando, é possível que sua mente já esteja sendo impactada — e substituída, pouco a pouco, por estímulos externos que sequestram seu foco.

É possível reverter — mas exige esforço consciente

A boa notícia é que o cérebro tem neuroplasticidade: a capacidade de se reorganizar e criar novos caminhos. Mas, para isso, é necessário um reposicionamento intencional.

A tecnologia é uma aliada poderosa, mas só quando está a serviço da mente — e não o contrário.

Manter-se atualizado é essencial, mas mais ainda é preservar a capacidade de pensar criticamente, sentir profundamente e criar com autenticidade.

Abaixo algumas dicas para você melhorar sua capacidade cognitiva e seu bem estar em geral:

  • Reduzir o tempo de internet em geral.

    • Caso você trabalhe com internet ative o modo “foco” dos seus dispositivos. Atenha-se ao seu trabalho.
  • Criar momentos de silêncio, leitura e contemplação.

    • Desative notificações e toques de celulares, se possível o tempo todo, só ativando quando está esperando algum contato importante. Vá para o mato, coloque os pés na terra.
  • Estabelecer rotinas que favoreçam o foco e o raciocínio contínuo.

      • Estabeleça horários do dia em que você sob quaisquer circunstâncias usará o celular. Coloque-o em uma gaveta e esqueça-o. Avise as pessoas que naquele período você não existe na internet.
  • Desinstale todos os aplicativos inúteis que lhe causam ansiedade, como Instagram, Facebook, X e afins.
    • Prefira os aplicativos construtivos e dedicados a gente de vibe positiva, como o Pinterest, o e Tumblr. Depois de um tempo sem acessar Instagram, Facebook e X (dentre outros), exclua suas contas. Dói, mas exclua.

Aqui eu me refiro a celulares, mas é claro que isso também vale para computadores, tablets, relógios inteligentes e tudo que te mantenha conectado à web “burra”.

Me refiro também a quem não depende destes dispositivos para ganhar a vida, nestes casos, elimine-os completamente somente em seus dias de folga. Mas tenha a honra de eliminar mesmo.

Passe a consumir conteúdos que lhe ensinem algo, canais sérios sobre história, audiolivros clássicos, canais científicos… mas sempre verifique quem os apresenta.


Tem muitos coachings, lectocéfalos de toda espécie e mestres de “auto ajuda” que são absolutamente estúpidos e muito seguidor que, só porque acha que estão lá no YouTube, são alguma coisa além de vermes da ignorância humana.


Se você for alguém sério, vai saber distinguir esses seres. Se não for alguém sério, nem deveria estar lendo este artigo.

Deste modo, eu creio que você vai deixar de perguntar se será substituído pela IA. Se seu trabalho e seus negócios vão ruir nos próximos anos.

Se você deixará de ser explorado como é agora, para se tornar simplesmente uma pessoa desnecessária, o que é muito pior.

homem-estupido


Agora me responda:

Você está no controle da sua mente e da sua vida, ou está a espera da próxima notificação do seu celular?


Meus pêsames se seu celular venceu.

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